domingo, 22 de agosto de 2010

Koinonia! (Parte I)

Existe algo mais belo e sublime que a vida em comunidade? Em teoria?

A comunidade é a própria Igreja, feita pela comunidade de batizados, povo comprado com o sangue do próprio Messias, Cristo, que se deu na cruz pela nossa libertação. Tão belas palavras...

Se idealizarmos segundo a lógica teórica do que a Igreja prega como sendo a comunidade eclesiástica, teríamos belíssimos textos que nos enchem de orgulho de fazer parte de uma comunidade eclesial. Mas não é sempre um mar de rosas, nem sempre será uma utópica convivência interpessoal. Cabe aqui sermos claros, como Cristo foi (Mat 18,15-17).

Viver em comunidade é um verdadeiro desafio, um constante aprendizado sobre o respeito e a caridade. Nem sempre teus irmãos lhe serão verdadeiros e fraternos, nem sempre encontrará em quem buscar apoio, mas por outras vezes se surpreenderá com as pessoas de maneira positiva. Aquele irmão, que até então, para você, era indiferente, por quem você muitas vezes não dava nada, te revela a face brilhante e caridosa do Pai! É meu irmão, muitas surpresas nos reserva o Senhor nessa caminhada, muitos imprevistos e é nessas surpresas que Deus nos ensina e nos orienta no crescimento social e espiritual.

“Se teu irmão pecar contra ti (...)” assim começa Jesus falando aos apóstolos, nosso Senhor já nos adverte desde o início que somos passíveis de sofrer os arranhões da convivência. Seria hipocrisia nossa achar que em uma comunidade cristã erros de conduta, fofocas, brigas, revanchismos, inveja, e tantos outros sentimentos e condutas pecaminosas não ocorressem. Seria imaturidade, sim meu amigo, uma verdadeira falta de conhecimento do que é ser cristão, um verdadeiro despreparo para a convivência. Quem procura viver em comunidade por que está cansado da hipocrisia, da falsidade, dos jogos de aparência que as relações pessoais “mundanas” nos apresentam, sinto informar, está buscando o lugar errado, sim você leu certo, mas acalme-se vou explicar:

Quando procuramos participar de uma comunidade eclesial (Igreja) projetando uma imagem utópica de que todos são pessoas ótimas, perfeitas, que psicologicamente e espiritualmente são equilibradas e saudáveis mentalmente, nos decepcionaremos rapidamente. Isso porque o ambiente eclesial no que se refere a seus membros não difere muito de qualquer outra comunidade, são pessoas que partilham entre si algo que os congrega em um grupo, no nosso caso o grupo dos batizados na Igreja Católica Apostólica Romana, mas são PESSOAS, seres humanos com as limitações que qualquer outro pode ter, qualquer um como eu e você.

Assim como nós, essas pessoas estão em constante processo de conversão, de aprendizado e de crescimento. É interessante ouvir de pessoas que acabaram de entrar “na ativa” quando se deparam com um irmão tendo uma conduta errada: “ Eu fico me perguntando o que ele está fazendo aqui?” ou então “E depois vem falar de Deus pra gente!” entre outras tantas declarações de decepção... Isso reflete seu profundo desconhecimento e despreparo para participar ativamente da comunidade. Quem se sente chamado a ser integrante ativo de uma comunidade cristã deve estar preparado para lidar com pessoas de carne e osso, com suas falhas e limitações, deve estar disposto a olhar para o outro e refletir sobre si mesmo antes de apontar e julgar, precisa ter maturidade para, mesmo que seja o único, não se contaminar com erros e vícios, sendo uma referencia para os outros, sem no entanto se portar como o dono da verdade.

A convivência fraterna é o instrumento de salvação para quem vê nela o que deve ser visto; É com a convivência que se aprende a respeitar as diferenças, que se exercita a tolerância, o respeito às opiniões divergentes, a obediência, a solidariedade e principalmente a caridade com o próximo. Mas para aqueles que não conseguem ver as riquezas e virtudes que podem ser alcançadas pelo convívio comunitário este se torna uma pedra de tropeço para a pessoa, que só vê duas alternativas para lidar com a humanidade das pessoas que com ela compõem a comunidade; Ou se afastam e rejeitam o convívio comunitário, ou se envolvem dos vícios e dos erros. Estes têm uma característica notória em todas as comunidades, as más práticas conferem um vínculo aqueles que delas começam a nutrir-se para se manter aderidos a comunidade, as “panelinhas” são um exemplo disso, assim como os “elitismos”. Todas essas práticas já foram ou ainda são vividas por algumas comunidades e são fator de afastamento de muitos e de enfraquecimento das comunidades. Essas tristes verdades brotam da imaturidade espiritual e psicológica de alguns que, quando não podados e acompanhados, aderem na comunidade como uma grande e feia mancha de óleo, difícil de limpar e, de vez em quando, causam feridas tão grandes na comunidade que criam cicatrizes que serão aparentes por um bom tempo.
Cabe aos conscientes destes fatos uma postura firme no que diz respeito a suas condutas sem, no entanto, se tornarem também estes, outro ponto de separação na comunidade, criando um verdadeiro ambiente de Guerra Fria na Igreja...

E agora gostaria que você se perguntasse como anda sua comunidade? Como anda seu servir na sua comunidade? Como é a sua postura na comunidade? Você faz parte de uma facção ou você é membro da comunidade verdadeiramente?

Infelizmente, as facções, as “panelinhas”, os grupos de “donos da paróquia” só nascem por que essas pessoas tristemente perderam o foco, em algum momento se esqueceram (ou nem ser quer um dia souberam) o fundamental objetivo de estarem ali.
O real objetivo é que quando estamos unidos Ele está no meio de nós e nos fala de Sua vida, quando isso ocorre ele quer que nós, depois de ouvirmos e estarmos em Sua presença, sejamos testemunho Dele para o mundo e para os irmãos. Ele quer que nós sejamos a Sua imagem para os demais!
Quando fugimos a essa realidade por vaidade, por despreparo, por raiva, por fraqueza, ou por qualquer motivo, dentro da comunidade cristã, pecamos contra o SEU AMOR, assumimos a postura de Judas, que entrega seu Mestre para ser crucificado por aqueles que não o conheciam (pois é isso que acontece quando damos contra-testemunho, damos a chance aos fariseus e aos principes da Terra de chicotearem o nosso Rei, de humilha-Lo...), traímos nosso Deus e Senhor aquele que por amor nos perdoa e nos torna dignos de anunciá-lo.
Que tipo de apóstolo você tem sido para seu Mestre, o que O precede ou aquele o recusa até dez vezes por medo de ir contra a corrente? Nós sempre estaremos andando na corda bamba, numa hora estaremos no caminho certo, noutras nos depararemos com ventos fortes que tentarão nos derrubar, nos pegar no desequilíbrio do nosso ser com o caminho que ESCOLHEMOS seguir, nessas horas será necessária a vigilância e a oração!


Pense nisso, avalie-se!


Nunca é tarde para voltar atrás e se arrepender, fazer as coisas de forma diferente, se reconciliar com Deus e os irmãos e assim verdadeiramente ser membro da Igreja!

Que Caia sobre nós uma Chuva de bençãos!